Trump exige que Síria deporte grupos terroristas para negociar reaproximação com os EUA

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Trump exige que Síria deporte grupos terroristas para negociar reaproximação com os EUA

Durante sua passagem pela Arábia Saudita nesta semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs uma série de exigências ao presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, como condição para o avanço de acordos diplomáticos e econômicos com o regime sírio.

A reunião histórica, realizada em Riade, capital Saudita, marca a retomada do diálogo entre os dois países após mais de duas décadas de distanciamento e sanções.

Segundo fontes próximas à comitiva americana, Trump solicitou que al-Sharaa adote medidas concretas para estabilizar a Síria e sinalizar distanciamento de grupos extremistas.

Al-Sharaa conhece bem os grupos extremistas que atuam na Síria. Ele liderou a formação do Hay’at Tahrir al-Sham (HTS), uma coalizão de facções islamistas que desempenhou um papel central na oposição ao regime de Bashar al-Assad.

Após a queda do regime de Assad em dezembro de 2024, al-Sharaa foi nomeado presidente interino da Síria em janeiro de 2025. Desde então, tem buscado se distanciar de seu passado extremista, promovendo uma imagem de líder pragmático e defensor da diversidade religiosa.

Principais grupos extremistas na Síria

A Síria abriga uma complexa rede de grupos extremistas, muitos dos quais têm sido protagonistas no prolongado conflito civil que assola o país desde 2011.

– Estado Islâmico (EI ou ISIS)
Originado no Iraque, o Estado Islâmico expandiu suas operações para a Síria em 2013, proclamando um califado que, em seu auge, controlava vastas áreas do território sírio. Apesar de ter perdido grande parte de seu domínio territorial, o grupo ainda mantém células ativas, especialmente nas regiões desérticas do leste do país.

– Hay’at Tahrir al-Sham (HTS)
Formado em 2017 a partir da fusão de várias facções jihadistas, incluindo a antiga Frente al-Nusra (braço da Al-Qaeda na Síria), o HTS é atualmente uma das forças dominantes na província de Idlib. Embora tenha tentado se distanciar publicamente da Al-Qaeda, continua sendo classificado como grupo terrorista por diversos países.

– Ansar al-Tawhid
Este grupo jihadista salafista opera principalmente no noroeste da Síria e é conhecido por sua ideologia extremista e por realizar ataques coordenados contra forças do governo sírio e facções rivais.

– Partido Islâmico do Turquestão (TIP)
Composto majoritariamente por uigures chineses, o TIP é aliado do HTS e está presente na região de Idlib. É acusado de treinar combatentes, incluindo crianças, para operações suicidas e outras ações militares.

– Jund al-Aqsa
Grupo extremista que já teve ligações com o Estado Islâmico, conhecido por sua brutalidade e por conflitos com outras facções rebeldes. Atua principalmente nas províncias de Idlib e Hama.

Além desses, existem inúmeras outras facções menores e células extremistas operando na Síria, muitas vezes com alianças fluidas e objetivos variados.

A presença permanente desses grupos representa um grande desafio para a estabilidade e a segurança na região, complicando os esforços de paz e reconstrução do país.

Exigências de Trump

Estes grupos variam em ideologia, objetivos e áreas de atuação, mas compartilham a característica de adotar táticas violentas e, frequentemente, de serem classificados como organizações terroristas por entidades internacionais.

Entre os pedidos feitos por Trump ao novo líder sírio, estão a expulsão de militantes estrangeiros ainda ativos no território, a deportação de extremistas palestinos envolvidos em atividades terroristas, e a responsabilização direta do governo sírio pela gestão dos centros de detenção onde estão confinados ex-integrantes do Estado Islâmico no nordeste do país.

Além disso, Trump cobrou um compromisso formal de al-Sharaa para impedir o ressurgimento do Estado Islâmico em solo sírio, considerado um risco à segurança regional e internacional.

As exigências fazem parte de um pacote político mais amplo que inclui a proposta de adesão da Síria aos Acordos de Abraão, que preveem a normalização de relações com Israel – medida que, se concretizada, representaria uma reviravolta histórica na geopolítica do Oriente Médio.

Apesar das críticas à legitimidade de al-Sharaa, acusado de ligações passadas com grupos radicais islâmicos, Trump vem apostando em sua figura como peça-chave para a reconstrução da Síria e para um novo equilíbrio de forças na região.

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