Um casal de idosos morreu no mesmo dia após completarem 74 anos de matrimônio. No dia 17 de abril, Paschoal de Haro e Odileta Pansani de Haro partiram com apenas dez horas de diferença, em Votuporanga, no interior de São Paulo.
Após décadas juntos e de terem criado seis filhos, Odileta desenvolveu Alzheimer e passou a ser cuidada pelo marido.
Em 2023, a esposa foi diagnosticada com câncer no intestino em estágio avançado e viveu os últimos anos em cuidados paliativos.
Diante da situação irreversível, Paschoal começou a pedir a Deus que levasse ele e a esposa juntos, no mesmo dia, de acordo com o genro Luciano Leal.
Dois dias antes do falecimento do casal, Odileta e Paschoal celebraram 74 anos de casamento junto com a família, e trocaram declarações de amor.
Em 17 de abril, Odileta morreu aos 92 anos, às 7h da manhã e Paschoal faleceu aos 94 anos, às 17h do mesmo dia e no mesmo quarto em casa.
“Essa paixão digna de um filme, ao qual sempre falavam que partiriam juntos e assim o fizeram. Se viram e venceram essa grande paixão que sempre um teve pelo outro e deixaram essa família linda. Ficou o legado deles para toda a eternidade”, comentou o genro, emocionado, em entrevista ao G1.
Casal se conheceu em praça
Luciano contou que o casal se conheceu por acaso na praça da Matriz em Votuporanga, quando Odileta tinha 15 anos e Paschoal, 18.
Certo dia, ele estava brincando com uma correntinha, que escapou sem querer de suas mãos e foi parar no braço de Odileta. Na troca de olhares e risadas, nasceu um amor entre os jovens.
Logo depois, eles passaram a conversar por cartas e iniciaram o namoro. Na primeira carta, de Paschoal à namorada, datada de 3 de dezembro de 1947, ele escreveu: “Desejaria viver ao teu lado, adivinhar os teus desejos, fazer-te feliz porque só assim eu seria feliz também. Acredito que jamais pensarei em outra mulher. Mesmo que viva mil anos me lembrarei de ti e dos momentos felizes que passei ao teu lado”.
No dia 15 de abril de 1951, eles se casaram na fazenda da família de Odileta. Após o casamento, ela cuidava da casa e Paschoal trabalhava em uma loja de tecidos. O casal teve seis filhos e muitos netos e bisnetos.
Além disso, eles criaram juntos uma organização para ajudar pessoas em vulnerabilidade social em sua cidade, doando enxovais às mães solteiras e comida aos necessitados.
“O casal sempre [foi] receptivo, amoroso e disposto a ajudar o próximo, seja lá quem for, sem distinção alguma de raça ou privilégio social. Sempre primaram pelo amor próprio e pelo amor de ambos. E dedicaram esse amor, que ambos tinham um pelo outro, a ajudar o próximo”, revelou o genro.